Embora os PDFs sejam essenciais para o envio de documentos mantendo o
formato e o conteúdo, na hora de fazer alterações as coisas ficam
complicadas se não tivermos o arquivo original. Porém, o site parceiro Genbeta mostrou que não precisamos de sites ou aplicativos pagos para converter um PDF em Word além de uma conta do Gmail.
Embora seja verdade que existe um bom conjunto de sites que nos
permitem conversões e outras opções, a realidade é que às vezes pensamos
duas vezes quando enviamos os nossos artigos para uma página que não
conhecemos. Muitas vezes um site qualquer simplesmente não nos oferece
tanta liberdade ou possui uma função paga.
São muitas as situações em que temos interesse em converter um PDF
para Word, seja a nível acadêmico, profissional ou pessoal, e também uma
longa lista de opções para o fazer, mas de forma gratuita, sem instalar
nada e com software confiável que nós temos em mãos, a lista é
consideravelmente reduzida. Por isso uma conta Google resolve
facilmente.
Como transferir um PDF para Word com uma conta Google
O processo é tão simples quanto entrar no Gmail com as credenciais e acessar o Google Drive. Basta simplesmente carregar o arquivo PDF para o serviço de armazenamento do Google. Assim, basta arrastá-lo para ‘Novo‘ > ‘Upload de arquivo‘ e localizar o documento lá.
Quando o documento for carregado no Drive, basta abri-lo. Na parte superior central aparecerá a opção de ‘Abrir com o Google Docs‘. Ao tocar lá, o arquivo agora será editável e poderemos modificar o que quisermos com o processador de texto do Google.
Uma vez modificado, podemos salvar uma cópia desse arquivo em nosso Google Drive ou baixá-lo para enviar ou trabalhar localmente. Dentro de ‘Arquivo’, você fazer uma cópia ou fazer download. Esta última possibilidade é o ponto-chave: você pode salvar em alguns formatos diferentes, incluindo o próprio PDF e também o Word.
Portanto, se você não gosta de aplicativos e sites não oficiais para
carregar documentos importantes, basta usar uma conta de Gmail para
converter arquivos PDF em Word. Você só precisará do e-mail e de
internet.
Gestores e profissionais das escolas têm se visto diante de um novo e
grande desafio no último ano: como incorporar as tecnologias de
Inteligência Artificial (IA), como o ChatGPT,
à rotina pedagógica? Parte dos professores viram na ferramenta uma
ameaça à qualidade do aprendizado, mas aos poucos as instituições e os
próprios docentes buscam incorporar a tecnologia.
De acordo com Marcelo Krokoscz, diretor do Colégio Fecap,
em São Paulo, no início de 2024 o uso da IA foi tema de formação local
dos docentes. “Temos cursos técnicos nessa área. Chamamos os professores
para explicar essa nova tecnologia aos colegas. Foram apresentadas
sugestões de uso, para auxiliar em pesquisas e avaliações. Todas as
ideias estão sendo debatidas e testadas.”
Krokoscz afirma que recentemente foi feita uma enquete no colégio e
cerca de 60% dos professores já estão utilizando as tecnologias de IA.
“Mas o espaço de tempo ainda é curto para avaliação de desempenho.”
Para ele, do ponto de vista da integridade científica, ainda há
preocupações e lacunas. “A norma ABNT (as regras técnicas do País) teve
sua última atualização em 2018, muito antes do surgimento dessas
tecnologias. Precisamos de um modelo para IA e também educar os
professores e estudantes para a transparência.”
Bruno Alvarez, diretor do Colégio Pentágono, também relata a necessidade de “algumas medidas para que o corpo de professores e educadores fosse instruído”.
Segundo Alvarez, nesse momento a escola trabalha para a inserção
oficial do uso de IA em seu currículo. “Já trabalhávamos habilidades em
computação. Mas precisamos fazer a inserção dessas disciplinas, que
ainda não fazem parte do currículo oficial brasileiro. Tivemos de buscar
subsídios em algumas experiências internacionais.”
Para ele, o Brasil como um todo ainda está atrasado. “É importante o
diálogo com os educadores, mostrar que essas ferramentas podem ser
usadas a seu favor. Pegar exemplos de boas práticas. Precisamos ter
abordagem que não seja apenas técnica, mas holística.”
Maria Eduarda Menezes, coordenadora de Edtech da Beacon School,
explica que no início de 2023 a escola iniciou um processo de formação
continuada com os professores sobre modelos de IA generativa, como o
ChatGPT. “Os professores inicialmente estavam meio inseguros. Alguns já
tinham usado; outros não.”
Segundo ela, o colégio elaborou um documento norteador para a
aplicação das novas tecnologias, mas a intenção é que os professores
usem de acordo com suas necessidades. “Banir seria um caminho errado. A
solução é utilizar as ferramentas de forma orientada e ética.”
Por causa da urgência das instituições de se adaptarem a um novo
momento, já surgiram até empresas especializadas em desenvolver soluções
de IA para a Educação. Felipe Menezes, CEO da Maxia, afirma que a
empresa iniciou pesquisas sobre IA por volta de 2017, mas apenas quatro
anos depois começou a interagir com as escolas.
“Não temos encontrado dificuldade nessa abordagem, já que essa
tecnologia já está consolidada. Mas muitas vezes as escolas não sabem
como implementar.”
Menezes destaca que foi desenvolvido um sistema que avalia, por meio
de redações dos estudantes, dados sobre seus aspectos comportamentais,
cognitivos e psicométricos, que auxiliam professores na orientação
discente dos alunos e no desenvolvimento do material pedagógico.
Ele explica que atualmente a empresa desenvolve um sistema, que será
testado em algumas escolas, que consegue ler uma redação manuscrita e
fazer a avaliação com base nos critérios do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).
Marcos Facó, diretor de Comunicação da Fundação Getúlio Vargas (FGV),
reforça a tese de que a universidade de início se deparou com o ChatGPT
e outros equivalentes com certa suspeita. “Mas logo depois, nos demos
conta de que era uma tecnologia que veio para ficar. O primeiro desafio
nesse contexto era como fazer para nos adaptarmos a ela.”
De acordo com ele, inicialmente a FGV usou a IA somente para a
criação de chatbots para o esclarecimento de dúvidas. O uso de bots para
outras atividades, como mentoria, ainda está “em fase de implantação”.
Mas a tendência é que a tecnologia passe a ser utilizada também para
uma série de tarefas, como correção de provas e análise de possíveis
fraudes em trabalhos. “Hoje já existem plataformas que avaliam se um
texto foi criado por inteligência artificial.”
Facó ressalta o fato de que atualmente todos estão aprendendo a
utilizar as ferramentas de IA. “No nosso caso, a utilização fica a
critério de cada professor. Não existe orientação única nesse sentido.
Alguns usam até para preparar prova ou para corrigir. Isso poupa muito
tempo.”
Para ele, a IA é uma tecnologia que ajuda. “O desafio do professor é
saber como proceder nessa nova realidade. “Mudou tudo: a forma de
avaliar, de preparar aula.” Ele alerta, contudo, que há riscos de
formação de profissionais menos preparados caso a tecnologia seja
utilizada de forma incorreta.
“Esse é o maior desafio para a educação a médio prazo. Qual será o
papel do professor? A máquina não avalia contexto social e pessoal de
aluno. Hoje não temos a visão clara do que vai acontecer em algum
tempo.”
Wilson Rodrigues, diretor da Faculdade do Comércio (FAC) de São Paulo,
acredita que todos os avanços tecnológicos precisam ser abraçados. “Os
jovens gastam nove horas e meia por dia usando equipamentos eletrônicos.
Com educação, o mesmo uso de tempo é de 4 horas, em média.” Para ele, a
utilização de ferramentas digitais é inevitável. “Represar é
irracional.”
Rodrigues alerta, porém, que é preciso ter formação para utilizar
corretamente. “Seja uma simples ferramenta de busca ou o ChatGPT, isso
exige domínio da linguagem. É importante que a aplicação das ferramentas
passe por curadoria.”
Segundo Rodrigues, os professores da FAC estão preparados para uso de
IA, mas ele não acredita que essa seja uma realidade disseminada pelo
País. “Para criação de conteúdos, os professores já usam IA, mas para
elaboração de provas, ainda não.”
Neste mês o governo do Estado de São Paulo sugeriu aos professores usar o ChatGPT para aprimorar aulas. E não houve consenso.
O Google vai proibir, a partir de maio deste ano, o impulsionamento
de propagandas políticas em todas as suas plataformas. A medida atende
as exigências do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que quer restringir o
uso de inteligência artificial (IA) nos anúncios eleitorais e combater a
circulação de fake news. A decisão divide a opinião de especialistas,
que analisam que os candidatos vão perder importantes ferramentas para
divulgar as campanhas, tendo que buscar o serviço nas redes sociais como
Facebook, Instagram e o X (antigo Twitter).
A nova política do Google proíbe a circulação de qualquer tipo de
anúncio que fale sobre eleições, partidos políticos, federações e
coligações, cargos eletivos, propostas de governo, projetos de lei,
exercício do direito ao voto e de outros direitos políticos ou matérias
relacionadas ao processo eleitoral. A medida vale para todas as
plataformas da big tech, como o YouTube, por exemplo.
O Google seguiu a resolução nº 23.732 do TSE, que determinou que os
provedores de propagandas pagas na internet devem “manter repositório
desses anúncios para acompanhamento, em tempo real, do conteúdo, dos
valores, dos responsáveis pelo pagamento e das características dos
grupos populacionais que compõem a audiência”.
O Estadão apurou que a big tech discutiu, ao longo
dos últimos dois meses, formas de cumprir as regras do TSE. Em nota, o
Google afirma que a proibição das propagandas políticas foi determinada
para “não mais permitir a veiculação de anúncios políticos no País”.
“Temos o compromisso global de apoiar a integridade das eleições e
continuaremos a dialogar com autoridades em relação a este assunto”,
disse a empresa.
De acordo com Marcelo Crespo, coordenador de Direito da Escola
Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), a mudança deve ser um “teste”
para o controle dos anúncios publicitários nas eleições de 2026. O
especialista vê como ponto positivo a possível diminuição de conteúdos
inverídicos que podem ser impulsionados pela big tech. Porém, um fator
negativo apontado por ele é a impossibilidade de utilização do Google
por campanhas que querem alcançar potenciais eleitores.
“É uma plataforma que tem um poder muito grande sobre a sociedade, e
precisa ter uma noção de responsabilidade para que a democracia seja
respeitada. Talvez o impacto seja positivo na perspectiva de que a gente
tenha menos fake news. O impacto negativo talvez seja que, se um
candidato quiser veicular seu conteúdo por ali, ele não vai conseguir”,
disse Crespo.
Redes sociais devem ter monopólio de anúncios políticos nas eleições, aponta especialista
A decisão da big tech não impede que anúncios políticos sejam
impulsionados pelas redes sociais. Para Marcelo Crespo, será necessário
analisar se os candidatos irão procurar impulsionar as suas campanhas em
plataformas como o Facebook, o X (antigo Twitter) e o Instagram.
“Embora o Google seja muito relevante, a tecnologia não é apenas o
Google. Nós temos as plataformas de rede sociais e os aplicativos de
mensagens. São outros âmbitos de atuação dos candidatos, e será preciso
monitorar eles para analisar os impactos”, disse o diretor da ESPM.
Maria Carolina Lopes, especialista em Democracia e Comunicação
Digital, considera que a proibição por parte da big tech deve dar para a
Meta – conglomerado de mídia que reúne o Facebook e o Instagram – o
monopólio dos anúncios políticos nas eleições deste ano.
“A Meta não vai mais precisar dividir essa fatia com o Google.
Pensando como empresa, é um ganho. Por outro lado, se o custo moral e
político ficar muito alto, ela pode ir na mesma direção. Assim,
zeraríamos o jogo das campanhas impulsionadas na internet”, afirmou a
especialista.
Segundo Maria Carolina, o Google possibilita a criação de anúncios de
maior qualidade comparado à Meta. A especialista explica que as
campanhas tinham a oportunidade de impulsionar buscas para websites com
propostas e por palavras-chave e de impulsionar vídeos pelo YouTube. “A
democracia perde sem essas possibilidades e com a concentração de
mercado”, analisou.
O Estadão procurou a Meta, mas não obteve retorno.
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), quer
“subir o sarrafo” de quem pode propor ações diretas de
inconstitucionalidade (ADI) no Supremo Tribunal Federal, inclusive
contra decisões do parlamento. “Temos parlamentares que têm coragem de
enfrentar esse tema”, assegurou.
As falas de Lira são de discurso feito, na manhã deste sábado (27),
na abertura da 89ª ExpoZebu em Uberaba (MG), organizada pela Associação
Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ). A mudança nas ADI exigiria
aprovação de emenda constitucional, com aprovação de três quintos dos
votos dos deputados (308) e dos senadores (49), em dois turnos em cada
casa parlamentar.
As ações diretas de inconstitucionalidade estão previstas na
Constituição Federal (artigos 102 e 103). Conforme a norma, podem pedir
ADI o presidente da República; a Mesa do Senado Federal; a Mesa da
Câmara dos Deputados; mesas de assembleias legislativas ou da Câmara
Legislativa do Distrito Federal; governadores de estado ou do Distrito
Federal; o procurador-geral da República; o Conselho Federal da Ordem
dos Advogados do Brasil; partidos políticos com representação no
Congresso Nacional; e confederações sindicais ou entidades de classe de
âmbito nacional.
“O que é que adianta um projeto com 400 votos no plenário da Câmara e
um parlamentar entra com a ADI e um ministro [do STF] dá uma liminar?”,
indagou o presidente da Câmara se referindo à suspensão de decisões
tomadas no Congresso. Segundo ele, o STF recebe essas demandas “todos os
dias de todos os setores” e as “discussões [jurídicas] nunca findam.”
O presidente da Câmara prometeu até o final do seu mandato, em
janeiro de 2025, discutir nova legislação sobre desmatamento ilegal e
exploração de minério ilegal no país. “Nós sabemos que existe e fechamos
os olhos para não tratar de uma legislação. E quem paga a conta lá fora
é o produtor rural indevidamente.”
Reforma tributária
Lira prevê no seu mandato votar a regulamentação da reforma
tributária. A tramitação na Câmara dos Deputados não terá relator único.
“Nós vamos fazer grupos de trabalho com deputados que não tenham
interesses nas áreas que vão ser tratadas para que a gente faça um
enxugamento nos 500 artigos”.
Dos 513 deputados, 324 pertencem à Frente Parlamentar da
Agropecuária, com membros da base do governo e da oposição. Arthur Lira
prometeu que o agronegócio, assim como saúde e educação, terá tratamento
“diferenciado” na regulamentação da nova legislação dos tributos.
Diante da plateia ruralista, o presidente da Câmara ainda criticou as
manifestações ocorridas no Abril Vermelho, campanha tradicional pró
reforma agrária que esse ano promoveu 24 ocupações em 11 estados. “Essa
confusão de Abril Vermelho, a gente tem que desestimular que isso
aconteça no Brasil. A segurança jurídica no campo é a única coisa que o
produtor precisa para produzir, seja na pecuária, seja na agricultura.”
Crédito para os produtores
Também presente na 89ª ExpoZebu, o ministro da Agricultura e
Pecuária, Carlos Fávaro, anunciou o lançamento de uma nova linha de
crédito para produtores rurais para conversão de pastagens,
com juros subsidiados de menos de 5% ao ano. Os recursos serão obtidos
por meio de convênio do Brasil com a agência de cooperação do governo do
Japão, a Jica.
Fávaro ainda prometeu que o novo Plano Safra vai atender produtores
que estejam com “renda achatada” neste momento. “O presidente Lula me
disse que não podemos deixar os produtores que tiverem dificuldade, por
falta de preço, de renda ou de intempéries climáticas, caírem na
inadimplência.
Segundo ele, já está aprovada a “repactuação de dívidas de
investimentos” para todos os produtores brasileiros. “Não ficará nenhum
produtor de fora que tenha necessidade. Basta protocolar no seu banco um
documento falando com a incapacidade técnica de pagamento que será
atendido e nós estamos vigilantes para tudo isso.”
Além de Fávaro e Lira, estiveram presentes na abertura da exposição
os governadores Elmano de Freitas (Ceará); Ronaldo Caiado (Goiás) e
Romeu Zema (Minas Gerais).
História de CLAYTON CASTELANI E TULIO KRUSE – Folha de S. Paulo
SÃO PAULO, SP 9FOLHAPRESS) – O novo projeto de requalificação do
centro da cidade de São Paulo, lançado nesta sexta-feira (26) pelo
governo paulista, terá obstáculos que vão desde a inflação imobiliária
que a proposta pode gerar na região até a dificuldade de encontrar
empresas capacitadas para executar projetos na área de construção civil
extremamente diferentes.
Ao mesmo tempo, a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos) ainda
terá de lidar com a dificuldade comum entre propostas que dependem da
indução do mercado privado para prover habitação para famílias com
dificuldade de acesso ao financiamento habitacional.
A intervenção prevê R$ 2,4 bilhões de investimentos por meio de uma
PPP (Parceria Público Privada), sendo R$ 1,9 bilhão aplicados pelo setor
privado e R$ 500 milhões pelo governo, em valores aproximados. Em uma
parceria desse tipo, os empreendedores contratados devem inicialmente
custear a maior parte das obras e, posteriormente, o estado pagará
contraprestações ao longo de 15 anos, com juros, dos bens considerados
reversíveis. É o caso de habitações de interesse social e infraestrutura
pública que fazem parte do projeto.
Para entrar no negócio, empresas participantes da concorrência
disputarão áreas da cidade divididas em quatro lotes espalhados sobre os
distritos Sé, República e Santa Cecília. Cada um desses lotes possui
uma diversidade de obras a serem executadas pelos vencedores do certame.
Em números gerais, a oferta de residências responde por pelo menos
53% da área construída do projeto -dos 719 mil metros quadrados de
edificações previstas, 382 mil serão habitações novas ou recuperadas.
Isso se traduz em 6.135 unidades, sendo 5.046 novas e 1.089 retrofits
(prédios antigos modernizados).
Outros 337,5 mil metros quadrados em construções serão distribuídos
entre equipamentos públicos; calçadas, passarelas e ciclovias;
estacionamentos; serviços e comércio; e restauro de imóveis tombados.
É a junção de atividades tão construtivas distintas a serem
executadas por uma única empresa ou consórcio -ou quatro, cada uma com
um lote- o que torna a execução desafiadora, segundo Bianca Tavolari,
professora de direito especialista em urbanismo da FGV e do Cebrap.
“Empreendedores que atuam com retrofit não são os mesmos que fazem
prédios novos, tampouco restaurações de bens tombados”, comenta.
“Consórcios terão de ser montados para reunir empresas com
especializações muito distintas.”
Técnicos do governo que conversaram com a reportagem ainda mostraram
preocupação com a inflação no mercado imobiliário que uma proposta tão
ampla pode gerar.
Ao escolher o sistema de PPP, a gestão Tarcísio mira a facilidade que
o setor privado tem para negociar e pagar rapidamente pelos imóveis
desapropriados. Diante dessa possibilidade, proprietários podem tentar
valorizar imóveis hoje subtilizados ou abandonados ao colocá-los à venda
ou empreenderem de outras formas.
Aperitivo disso ocorreu com a PPP para edificação do novo centro
administrativo estadual nos Campos Elíseos, formalmente lançada há um
mês pelo governador. Semanas antes da publicação da Declaração de
Utilidade Pública, houve o lançamento de um empreendimento imobiliário
privado em terreno onde antes havia um velho galpão fechado.
Há no centro de São Paulo uma série de estímulos oferecidos pela
prefeitura para estimular empreendimentos imobiliários e a sobreposição
de incentivos é também fator com potencial de valorização de terrenos,
segundo Tavolari.
Fabrício Cobra Arbex, secretário da Casa Civil da gestão do prefeito
Ricardo Nunes (MDB), afirma que a soma de diferentes programas é
benéfica para o centro. “A soma desses esforços tende a acelerar a
requalificação da região central”, diz.
Nunes disputará a reeleição neste ano e conta com apoio de Tarcísio e
de seu padrinho político, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A dificuldade que medidas de estímulos ao setor privado enfrentam
para gerar habitação para a camada da população com renda familiar de
até um salário mínimo é outro ponto que poderá enfrentar críticas, caso o
governo não apresente soluções convincentes. Principal oponente de
Nunes na disputa pela prefeitura, o deputado federal Guilherme Boulos
(PSOL-SP) tem forte relação com movimentos de moradia.
Na parte da PPP destinada a moradias, 6.135 apartamentos deverão ser
distribuídos entre diferentes grupos, sendo 55% destinados a famílias
que se enquadram nas categorias de HIS (Habitação de Interesse Social) 1
e 2, com renda familiar mensal de até três salários mínimos (até R$
4.236 atualmente) e de três a seis salários mínimos (até R$ 8.472),
respectivamente.
Os 45% restantes serão enquadrados como HMP (Habitação de Mercado
Popular), cuja renda familiar dos beneficiários varia de seis a dez
salários mínimos (até R$ 14.120).
O presidente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e
Urbano), Reinaldo Iapequino, disse nesta sexta que o objetivo central da
PPP é a requalificação do centro, e não a habitação, e que por isso o
projeto é complementar a outros programas municipais e estaduais.
Iapequino afirmou que a recuperação urbanística do centro não se
concretizaria se mais da metade das habitações do projeto fossem
destinado às famílias que ganham menos do que três salários. Por isso,
diz ele, não era possível dar mais espaço para moradias de HIS-1, grupo
que concentra a maior parte do déficit habitacional.
“É por isso que os movimentos sociais reclamam muito da PPP. É que
eles querem tudo para eles”, afirmou Iapequino. “Se você fizer tudo para
eles, a gente não requalifica o centro. E a gente tem outros mecanismos
de atingir [a queda do déficit habitacional], outras ações. É
claramente isso, uma opção nossa, uma determinação nossa de trazer a
classe média para morar [no centro].”
O presidente da CDHU destacou os programas Pode Entrar (da
prefeitura) e os empreendimentos de investimento direto do próprio órgão
estadual para as famílias mais pobres. Na PPP de requalificação do
centro serão pouco mais de 1.300 unidades habitacionais destinadas ao
público que ganha até três salários mínimos, segundo Iapequino.
Ele disse, ainda, que o governo estadual quer evitar a expansão de
microapartamentos na região central, que tem sido uma característica da
expansão imobiliária dos últimos anos na cidade. A intenção, diz
Iapequino, é estimular a migração de famílias para o centro.
Haverá um tempo em que o uso do óleo vegetal será tão rotineiro na
composição dos combustíveis que o descarte irregular deste produto usado
deixará de ser um problema ecológico. Essa afirmação passa pela Câmara
dos Deputados que aprovou o PL 528/2020, popularmente conhecido como a
PL do Combustível do Futuro e agora chega no Senado.
O projeto é uma vitória os defensores da política do baixo carbono
nos combustíveis. Ao elevar a quantidade de etanol aplicada na gasolina e
do biodiesel misturado no diesel, o Brasil está abrindo possibilidades
de novos programas para a criação de novas frentes energéticas.
Em pouco anos, produtos como diesel verde, biometano e combustível
sustentável para a aviação serão realidade no mercado. Para Vitor
Dalcin, Diretor da Ambiental Santos, o texto, que segue para o Senado, é
um marco não apenas para o setor de combustíveis, mas para a reciclagem
de óleo vegetal:
“A reciclagem de óleo vai entrar em cena pelo acréscimo gradual da
mistura do biodiesel no diesel que hoje é de 14% até chegar aos 20%,
previsto para março de 2030. Esse acréscimo será de 1% ao ano e de forma
contínua, ou seja, em seis anos teremos combustíveis mais corretos
circulando pelos motores”.
Brasil na vanguarda
O programa alavanca o Brasil como um dos destaques da transição para
baixo carbono, criando um ciclo completo do óleo vegetal. O que antes
seria um problema ambiental, passa a ser resolução na produção de
combustíveis.
Para o diretor da Ambiental Santos, a mudança é excelente para a tão
procurada meta de redução das emissões de gases de efeito estufa por
quilômetro rodado, com o Brasil seguindo a tendência mundial para criar
diretrizes inovadoras capazes de neutralizar esses resíduos.
O lado positivo é que 100% do óleo vegetal tem potencial de ser usado
em grande escala, mas para tal façanha será necessária uma grande
conscientização sobre separar óleo usado para reciclagem poderá ser
usado em grande escala:
“O mesmo óleo que serviu para preparar alimentos vai deixar o papel
de vilão ecológico no momento do descarte e será peça fundamental para
matrizes energéticas completas” finaliza Dalcin.
Especialistas destacam vulnerabilidade e falta de oportunidade para jovens dentro deste perfil
Reportagem: Gabriel Mileno e Thiago Aquino
Edição: Lucas Maia
A maioria dos jovens brasileiros entre 15 a 29 anos que não estudam e
não trabalham é formada por mulheres nordestinas pretas ou pardas. Os
dados de 2023 do IBGE revelam que mais de 3,7 milhões de jovens do
Nordeste não estão no mercado de trabalho nem em instituições de ensino.
A região tem a maior disparidade entre as demais quando os números
consideram gênero, cor e raça.
A Agência Tatu analisou os dados educacionais da Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios Contínua (PNADC) do IBGE e constatou que dos
3,7 milhões de jovens do Nordeste que não estudam e não trabalham, mais
de 2,8 milhões são pretos ou pardos.
Essa parcela da população é conhecida como “Nem-nem”, no entanto o
termo é considerado pejorativo, já que a expressão pode gerar a
interpretação de que esses jovens não desejam trabalhar ou estudar.
Enquanto, na verdade, o perfil dessa população mostra que algumas
características sociais são mais predominantes em jovens sem
possibilidade de avançar na sua educação e sem renda de trabalhos
formais.
Proporção populacional de jovens que não estudam e nem trabalham por região
Dados são de pessoas entre 15 e 29 anos de idade no respectivo recorte
De maneira geral, o cenário mais delicado encontra-se no Nordeste.
São 29 mil pessoas “Nem-nem” a cada 100 mil jovens de 15 a 29 anos da
região. O Norte possui 26 mil a cada 100 mil habitantes, em seguida o
Sudeste com 18 mil a cada 100 mil. O Centro-Oeste conta com 16 mil a
cada 100 mil habitantes e o Sul com 13 mil a cada 100 mil.
A maior parte das pessoas que não estudam e nem trabalham é composta
por mulheres, sendo 36 mil mulheres a cada 100 mil jovens de 15 a 29
anos no Nordeste. A região tem a maior quantidade proporcional de
mulheres com esse perfil entre as regiões e gêneros. No Norte são 35 mil
mulheres a cada 100 mil jovens e as regiões Sudeste e Centro-Oeste
estão na sequência com 23 mil a cada 100 mil habitantes. Por último,
está o Sul com 18 mil mulheres que não estudam e não trabalham a cada
100 mil de 15 a 29 anos.
Para a cientista política e professora de Ciência Política da
Universidade Federal de Alagoas, Luciana Santana, esses dados sinalizam
um risco alarmante de vulnerabilidade de jovens. “É mais preocupante que
somente a taxa de desocupação, uma vez que esses jovens não estão nem
ganhando experiência laboral, nem qualificação, o que pode comprometer
suas possibilidades ocupacionais no futuro”, afirma a professora.
Quando o recorte se baseia na cor/raça, as pessoas pretas ou pardas
“lideram” no Nordeste, sendo 28 mil a cada 100 mil habitantes pretos ou
pardos da região. Em seguida, o Norte aparece com 26 mil pessoas a cada
100 mil habitantes pretas ou pardas, 18 mil a cada 100 habitantes neste
recorte no Sudeste, 16 mil a cada 100 mil habitantes no Centro-Oeste e,
por fim, o Sul que tem somente 13 mil habitantes pretos ou pardos
categorizados como “Nem-nem” a cada 100 mil habitantes.
Mulher é maioria entre os que não estudam nem trabalham
Os dados também evidenciam a predominância das mulheres nordestinas
entre os jovens que nem estudam, nem trabalham, já que dos mais de 3.7
milhões de jovens entre 15 e 29 anos com esse perfil, mais de 2,3
milhões são mulheres. Isso representa aproximadamente 62,16% dos
nordestinos nessa condição, reforçando a desigualdade de gênero e
oportunidade para as mulheres que, muitas vezes, precisam abandonar seus
estudos e trabalhos para cuidar da casa e da família.
Carolina Maria de Jesus* tem 22 anos e nunca trabalhou formalmente.
Aos 17 anos teve que abandonar o Ensino Médio para cuidar da mãe e,
posteriormente, se casou. Desde então, não voltou mais à sala de aula.
Saiu do município de Viçosa, em Alagoas, e foi morar com o marido em um
povoado do município de Santana do Mundaú, a 100km de Maceió. Hoje, com
um filho de 4 anos e outro de 6 meses, se dedica aos afazeres
domésticos.
“Queria muito estudar mas não tem como, porque moro muito distante de
escolas. Se tivesse pelo menos uma creche onde meus filhos pudessem
ficar, seria bom para que eu pudesse concluir os estudos ou até
trabalhar”, lamenta Carolina.
Desigualdade de gênero
Joyce Martins, professora de Ciência Política da Ufal, reforça a
visão machista que a sociedade e o mercado de trabalho ainda têm da
mulher. “Essa análise de que a maioria dos nordestinos que não estudam e
não trabalham são mulheres, muito provavelmente está relacionado a essa
visão de que o trabalho da mulher é o trabalho de cuidado e que na
nossa sociedade nem como trabalho é visto. Como uma obrigação biológica,
uma obrigação da natureza e cada vez que a mulher tenta sair daí ela é
violentada”, detalha.
A cientista política, Luciana Santana, reforça que a relação da
ocupação da mulher no mercado está mais voltada aos trabalhos de cuidado
e há ainda muita desigualdade de gênero.
“Nesses espaços de trabalho de formação, a gente consegue observar
que tem um aspecto de gênero muito forte. Não é à toa que já vem-se
discutindo sobre a desigualdade de gênero no país, que é gritante. Ainda
em pleno século 21 as mulheres são as maiores responsáveis pelo cuidado
de uma forma geral. Às vezes não são nem registradas formalmente”,
detalha a cientista política.
Estuda e trabalha
Os dados de pessoas, entre 15 e 29 anos, que estudam e trabalham é de
7,4 milhões de pessoas em todo o país, entretanto, o quantitativo é
menor na região Nordeste, em que apenas 11 mil a cada 100 mil pessoas
desta faixa etária estudam e trabalham. São 1,4 milhões de pessoas que
se encontram simultaneamente ocupadas no ambiente formal de trabalho e
no escolar.
As demais regiões apresentam quantitativos maiores. Na melhor
condição, a região Sul, conta com 21 mil pessoas trabalhando e estudando
a cada 100 mil habitantes da região. Seguido pelas regiões
Centro-Oeste, Sudeste e Norte, com 19 mil, 17 mil e 14 mil a cada 100
mil habitantes ocupados em ambas as áreas.
A jovem Mycaelly Jeniffer mora em Maceió e concilia os estudos do
curso de Direito, com o trabalho como servidora pública. A maceioense
mora com a mãe e a irmã e explica que trabalhar desde os 18 anos não foi
uma escolha, mas uma necessidade, já que só a mãe era responsável por
sustentar a família.
“Em 2021, estava concluindo o Ensino Médio e recebi uma proposta de
emprego. Eu não queria porque minha vontade era só me dedicar ao Enem,
mas no meio de pandemia a situação na minha casa começou a apertar e
precisei trabalhar para ajudar em casa. Já cheguei a trabalhar o dia
todo, revendo material de estudo só no fim de semana, mas consegui
estágio remunerado e hoje consigo conciliar melhor”, detalha Mycaelle,
que é bolsista pelo Prouni.
* Na matéria produzida pela Agência Tatu, foi utilizado um nome
fictício para preservar a integridade da pessoa entrevistada. Este
procedimento foi adotado em conformidade com as diretrizes éticas do
veículo e com o consentimento da parte envolvida.
Primeiro, inovar não é sobre criar coisas novas, mas também encontrar
soluções que, embora já existentes, nunca foram adotadas em seu
projeto.
Um caso real que comprova a minha tese é o Sr. Valdir Novaki, conhecido como “O pipoqueiro mais famoso do Brasil”.
Valdir era um pipoqueiro como os outros, mas ele sentia que precisava inovar em seu mercado.
Diante disso, Sr. Valdir adotou medidas de higiene e atendimento que
ninguém fazia, mas que impactava diretamente na experiência do
consumidor:
• Quem chegava no carrinho de pipoca do Valdir recebia uma dose de álcool em gel nas mãos antes de pegar a pipoca.
• Ele também limpava toda a bancada (de inox) do carrinho com álcool na frente dos clientes, deixando tudo impecável.
• Em cada dia da semana Sr. Valdir utilizava um uniforme
(impecavelmente branco e limpo) do qual havia um bordado sinalizando o
dia da semana.
• Ao receber a pipoca, os clientes de Valdir ganhavam uma balinha de brinde, para refrescar o hálito após o lanche.
Perceba que ele inovou, sem reinventar a roda, mas apenas trazendo abordagens simples que seus concorrentes não ousavam fazer.
Por conta disso, digo que a primeira e maior característica de uma mente inovadora é questionar o tempo todo.
Afinal, ao questionar situações e circunstâncias você encontra:
• Novos problemas;
• Oportunidades;
• E soluções.
Esse loop cria um mecanismo de descobertas que leva você (e o seu projeto) a novos resultados no caminho da inovação.
No entanto, trilhar este caminho não é fácil, por isso, toda mente
inovadora tem a habilidade de ser constante, sem perder o ânimo.
Sem isso, é impossível levantar todos os dias e garimpar soluções em
meio às frustrações causadas pelos fracassos que surgem no caminho da
inovação.
Se olharmos para a história do Sr. Valdir, você notará que o sucesso
dele não foi repentino. Mesmo inovando, as coisas levaram tempo para
acontecer.
Por fim, a última característica de uma mente inovadora é o desconforto.
Imagina só:
Se homens como Steve Jobs, Jeff Bezos, Elon Musk e Sr. Valdir fossem
pessoas satisfeitas e confortáveis com seus resultados, será que eles
teriam conquistado tudo o que conseguiram?
Provavelmente não. Sr. Valdir, por exemplo, não só recebeu a alcunha
de “Pipoqueiro Mais Famoso do Brasil”, como também já viajou boa parte
do país dando palestras sobre empreendedorismo.
Ok, sabemos que não inovar é ruim.
Agora, será que inovar em excesso é bom?
Os limites da inovação
Pela minha experiência empreendendo no campo da tecnologia, esses são os dois maiores erros quando o assunto é inovação:
01 – Tentar reinventar a roda.
02 – Omissão.
Quem não se lembra do Google Glass, um típico exemplo de quem tentou inovar demais e precisou recuar.
Ou então a Playstation com o PS Vita, um videogame portátil que
prometia grande desempenho e resolução, mas, no final, não teve adesão
dos grandes desenvolvedores e, consequentemente, dos clientes.
Ainda no mundo dos games, a Microsoft lançou o Xbox Kinect, um sensor
de movimentos exclusivo que prometia substituir os controles
tradicionais do videogame.
Após alguns anos de insistência e baixa adesão dos desenvolvedores e gamers, o Kinect foi descontinuado pela Microsoft.
Inovação demais, utilidade de menos.
Por outro lado, temos alguns exemplos clássicos de empresas omissas que esperaram demais e perderam o bonde.
Blackberry
A primeira empresa de celulares a proporcionar conexão Wireless em
seus aparelhos, dando origem à era dos Smartphones — uma inovação que
acertaram de mão cheia.
Há 20 anos, ter um Blackberry era mais exclusivo, chique e estiloso do que ter um iPhone de última geração.
Na boa, sempre gostei dessa marca.
Realmente é uma pena que a empresa mãe dos smartphones tenha ficado para trás e hoje não ser nem a sombra do que já foi.
Também temos os exemplos clássicos, né? Nokia, Kodak, etc. Que você já cansou de ver por aí.
Todas essas foram empresas que, por arrogância, excesso de confiança ou medo, ficaram na mesma e sumiram do mapa por não inovar.
Mas, há também as empresas que inovaram na medida certa:
• Microsoft: vendia software de caixinha e hoje é uma potência tecnológica tanto em produtos como em serviços.
• Toyota: uma empresa tradicional do mercado automotivo, mas que
nunca perde o timming em inovação. Da era do motor a combustão aos
motores híbridos, a Toyota sempre está no topo do ranking em qualidade,
confiabilidade, tecnologia e conforto.
• Amazon: de e-commerce de garagem a uma potência de varejo e tecnologia.
• Nvidia: a empresa que surfou a onda dos games (quando ainda era uma
marola ignorada por todos), aproveitou o boom das criptomoedas e hoje é
a maior fabricante de GPUs utilizadas no desenvolvimento de IAs.
Sabe o que todas essas empresas têm em comum?
Elas não inovaram por moda, mas para resolver problemas concretos na vida de seus consumidores.
Você não pediu, mas eu dou: minha opinião
Sabe qual é o grande problema desse papo de inovação?
Ela é uma faca de dois gumes que pode:
• Fazer você se perder em meio ao vício de inovar.
• Fazer você perder pela falta de inovação.
Então, fica a pergunta:
Como inovar mesmo que você não tenha uma mente inovadora?
Tenha dados e informações concretas na sua mão. Sempre.
Se você tem dados, você enxerga gargalos que precisam ser resolvidos.
Se você enxerga os gargalos, você precisa de soluções — e é aqui onde a
inovação se esconde.
Na maioria das vezes, inovar é ser como o Sr. Valdir, e não necessariamente como Elon Musk.
Mindset correto é o que vai fazer você alcançar (ou não) o sucesso
Junior Borneli, co-fundador do StartSe
Mulher negra e sorridente segurando um IPad e olhando para frente (Fonte: Getty Images)
Mindset é a sua programação mental, é como você encara tudo que está ao teu redor
Mindset. Você já ouviu essa palavinha algumas vezes aqui no StartSe.
Ela é importante, talvez uma das coisas mais importantes para “chegar
lá” (seja lá onde for que você quiser chegar).
É sua habilidade de pensar o que você precisa para ter sucesso. E
como a maioria das coisas que você possui dentro de você, ela é uma
espécie de programação do seu ser. Tanto que é possível que você adquira
outro mindset durante a vida, convivendo com as pessoas corretas,
conhecendo culturas diferentes.
Algumas pessoas dizem que é isso das pessoas que faz o Vale do
Silício ser a região mais inovadora do mundo. Eu, pessoalmente, não
duvido. Fato é: você precisa de ter a cabeça no lugar certo, pois a
diferença entre um mindset vencedor e um perdedor é o principal fator
entre fracasso e sucesso.
Para isso, é importante você começar do ponto inicial: um objetivo.
“Todo empreendedor precisa ter um objetivo. Acordar todos os dias e
manter-se firme no propósito de fazer o máximo possível para chegar lá é
fundamental”, diz Junior Borneli, co-fundador do StartSe e uma das
pessoas mais entendidas de mindset no ecossistema brasileiro.
De lá, é importante você fazer o máximo que puder e não perder o
foco, mantendo-se firme. “Não importa se no final do dia deu tudo certo
ou errado. O importante é ter a certeza de que você fez tudo o que foi
possível para o melhor resultado”, avisa.
Com a atitude certa, é capaz que você sempre consiga canalizar as
coisas como positivas. “Você sempre tem duas formas de olhar um a mesma
situação: aquela em que você se coloca como um derrotado e a outra onde
você vê os desafios como oportunidades. Escolha sempre o melhor lado das
coisas, isso fará com que sua jornada seja mais leve”, alerta o
empreendedor.
Esses tipo de sentimento abre espaço para uma característica
importantíssima dos principais empreendedores: saber lidar com grandes
adversidades. “Um ponto em comum na maioria os empreendedores de sucesso
é a superação”, destaca Junior Borneli.
Saber lidar com essas adversidades vai impedir que você pare no
primeiro problema (ou falência) que aparecer na sua frente. “São muito
comuns as histórias de grandes empresários que faliram várias vezes,
receberam diversos ‘nãos’ e só venceram porque foram persistentes”,
afirma.
É importante ter esse mindset resiliente, pois, nem sempre tudo será
fácil para você – na verdade, quase nunca será. “Empreender é, na maior
parte do tempo, algo muito doloroso. Até conseguir algum resultado
expressivo o empreendedor passa por muitos perrengues. A imensa maioria
fica pelo caminho”, diz.
É como uma luta de boxe, onde muitas vezes, para ganhar, você terá
que apanhar e apanhar e apanhar até conseguir desferir o golpe (ou a
sequência) certo. “Na minha opinião, não há melhor frase que defina a
trajetória de um empreendedor de sucesso do que aquela dita por Rocky
Balboa, no cinema: ‘não importa o quanto você bate, mas sim o quanto
aguenta apanhar e continuar. É assim que se ganha’”, ilustra.
O problema talvez seja que alguns aspectos do empreendedorismo tenham
glamour demais. “Empreender não é simplesmente ter uma mesa com
super-heróis e uma parede cheia de post-its coloridos. Você vive numa
espécie de montanha russa de emoções, onde de manhã você é ‘o cara’ e à
tarde não tem dinheiro pro café”, salienta.
Vale a pena, porém, perseverar neste caminho. “Para aqueles que são
persistentes e têm foco, a jornada será difícil, mas o retorno fará
valer a pena!,” destaca o empreendedor.
DERROTA TAMBÉM ENSINA
Um ponto importante do sucesso é saber lidar com o fracasso e, de lá,
tomar algumas lições para sair mais forte ainda. “Toda derrota nos
ensina algumas lições e assim nos tornamos mais fortes a cada nova
tentativa. A cultura do fracasso, aqui no Brasil, é muito diferente dos
Estados Unidos”, afirma Junior.
No Vale do Silício, falhar é encarado algo bom, na verdade – e
aumenta suas chances de sucesso futuro. “Por lá, empreendedor que já
falhou tem mais chances de receber investimentos porque mostrou
capacidade de reação e aprendeu com os erros”, conta o empreendedor.
Mas ao pensar sobre fracasso, você precisa ter o filtro correto para
não deixar a ideia escapar. “Encarar os erros como ensinamentos e
entender que falhar é parte do jogo torna as coisas mais fáceis e
suportáveis”, salienta.
Foco é a palavra de ordem para você conseguir alcançar os objetivos
traçados no caminho, mesmo que em alguns momentos pareça que está tudo
dando errado. “Por fim, buscar o equilíbrio mental e o foco são
fundamentais. Nas vitórias, tendemos a nos render à vaidade e ao
orgulho. E nas derrotas nos entregamos ao desânimo e a depressão.
Mentalize seus objetivos, foque nos caminhos que vão leva-lo até eles e
siga firme em frente”, afirma.
É importante que você tenha noção de que para ser uma exceção, você
não pode pensar da maneira comodista que a maior parte das pessoas. “Se
você quer chegar onde poucos chegaram, precisará fazer o que poucos têm
coragem e disposição para fazer”, completa.
O “não” do cliente a uma proposta. Por quê?
Moysés Peruhype Carlech
Fiquei pensando e ao mesmo tempo preocupado com o seu “não”,
sem nenhuma explicação, à nossa proposta de divulgação da sua loja e de
resto todas as lojas dessa cidade no Site da nossa Plataforma Comercial
da Startup Valeon.
Esse “não” quer dizer, estou cheio de compromissos para fazer
pagamentos mensais, não estou faturando o suficiente para cobrir as
minhas despesas, a minha loja está vendendo pouco e ainda me vem mais
uma “despesa” de publicidade da Startup Valeon?
Pergunto: como vou comprar na sua loja? Se não sei qual é a
sua localização aí no seu domicílio? Quais os produtos que você
comercializa? Se tem preços competitivos? Qual a sua interação online
com os seus clientes? Qual o seu telefone de contato? Qual é o seu
WhatsApp?
Hoje em dia, os compradores não têm tempo suficiente para
ficarem passeando pelos Bairros e Centros da Cidade, vendo loja por loja
e depois fazendo a decisão de compra, como antigamente.
A pandemia do Covid-19 trouxe consigo muitas mudanças ao
mundo dos negócios. Os empresários precisaram lutar e se adaptar para
sobreviver a um momento tão delicado como esse. Para muitos, vender em
Marketplace como o da Startup Valeon se mostrou uma saída lucrativa para
enfrentar a crise. Com o fechamento do comércio durante as medidas de
isolamento social da pandemia, muitos consumidores adotaram novos
hábitos para poder continuar efetuando suas compras. Em vez de andar
pelos corredores dos shoppings centers, bairros e centros da cidade,
durante a crise maior da pandemia, os consumidores passaram a navegar
por lojas virtuais como a Plataforma Comercial Valeon. Mesmo aqueles que
tinham receio de comprar online, se viram obrigados a enfrentar essa
barreira. Se os consumidores estão na internet, é onde seu negócio
também precisa estar para sobreviver à crise e continuar prosperando.
É importante você divulgar a sua loja na internet com a ajuda
do Site da Startup Valeon, que no caso não é uma despesa a mais e sim
um investimento para alavancar as suas vendas. Desse modo, o seu
processo de vendas fica muito mais profissional, automatizado e
eficiente. Além disso, é possível a captação de potenciais compradores e
aumentar o engajamento dos seus clientes.
Não adianta pensar dessa forma: “Eu faço assim há anos e deu
certo, porque eu deveria fazer diferente? Eu sei o que preciso fazer”. –
Se você ainda pensa assim, essa forma de pensar pode representar um
grande obstáculo para o crescimento do seu negócio, porque o que trouxe
você até aqui é o que você já sabe e não será o que levará você para o
próximo nível de transformação.
O que funcionava antes não necessariamente funcionará no
futuro, porque o contesto está mudando cada vez mais rápido, as formas
como os negócios estão acontecendo são diferentes, os comportamentos dos
consumidores está se alterando, sem contar que estão surgindo novas
tecnologias, como a da Startup Valeon, que vão deixar para trás tudo
aquilo que é ineficiente.
Aqui, na Startup Valeon, nós sempre questionamos as formas de
pensar e nunca estamos totalmente satisfeitos com o que sabemos
justamente por entender que precisamos estar sempre dispostos a conhecer
e aprender com o novo, porque ele será capaz de nos levar para onde
queremos estar.
Mas, para isso acontecer, você precisa estar disposto a
absorver novas formas de pensar também e não ficar amarrado só ao que
você já sabe.
Se este for seu caso, convido você a realizar seu novo começo
por meio da nossa forma de anunciar e propagar a sua empresa na
internet.
Todos eles foram idealizados para você ver o seu negócio e a
sua carreira de uma forma completamente diferente, possibilitando levar
você para o próximo nível.
Aproveite essa oportunidade para promover a sua próxima transformação de vendas através do nosso site.
Então, espero que o seu “não” seja uma provocação dizendo para nós da Startup Valeon – “convença-me”.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), está abrindo alas
para a aprovação de emenda constitucional que concede pagamento de
quinquênios – 5% de aumento de salário a cada cinco anos – ao
“topo do funcionalismo” (procuradores, promotores, juízes, delegados da
PF e defensores públicos). Assim, Gabriela Lotta, professora de
administração da Fundação Getulio Vargas (FGV), descreveu os
beneficiários da PEC 10/2023, apresentada por Pacheco e em processo de
votação no Senado, à jornalista Natuza Nery no podcast Assunto de terça-feira passada.
Em um universo de 11 milhões de servidores públicos brasileiros, 38
mil pessoas passariam a ter direito a aumentos cumulativos de salário
diante de uma maioria, “aquela que faz o atendimento na ponta do serviço
e ganha salários muito baixos”, ela diz. Cinquenta por cento dos servidores recebem menos de R$ 3.400 por mês. Apenas 1% ganha mais de R$ 27 mil.
“A gente está basicamente falando dessas pessoas que estão no topo do
funcionalismo e vão receber mais salário, de maneira contínua ao longo
do tempo, vinculado apenas ao tempo de trabalho, e não à performance. A
PEC vai aumentar uma desigualdade que já existe no funcionalismo público
e que é bastante problemática”, explicou Lotta.
O novo penduricalho, mais um na lista da série de privilégios que desfrutam o Ministério Público e a magistratura, representa um custo de mais de R$ 80 bilhões em três anos. Isso
em um país que gasta R$ 160 bilhões com a Justiça, o equivalente a 1,6%
do PIB, segundo pesquisa do Tesouro Nacional citada por Nery no mesmo
podcast.
Vídeo relacionado: Pacheco sobre desoneração: “Estamos abertos para discutir um novo modelo ” (Dailymotion)
Entre os 53 países pesquisados, o Brasil se destaca por gastar muito
mais com a Justiça. Nos países desenvolvidos, a média de custo
corresponde a 0,3% do PIB; nos países emergentes, como nós, a média
também é bem inferior: 0,5% do PIB. E 83% desse custo vai para o
pagamento de salários e benefícios.
Na comparação interna, entre outros gastos públicos, a situação é
ainda mais chocante. “O Bolsa Família gasta R$ 160 bilhões com 21
milhões de famílias. Um quarto desse valor [R$ 42 bilhões por ano,
segundo cálculo do senador Jaques Wagner] vai ser destinado para pagar a
38 mil pessoas”, diz a professora.
Além de cara, a nossa Justiça é ineficiente e não raro completamente
injusta, como vemos todos os dias em casos estampados nos jornais. Mas,
para ficar em um dado: segundo divulgado em
2023 pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), havia 210 mil pessoas
presas no final de 2022 que nem sequer haviam sido julgadas. E um
déficit de 236 mil vagas em nossas cadeias superlotadas que aninham o
crime organizado.
Uma situação que deve se agravar se outra iniciativa de Rodrigo
Pacheco vingar: a aprovação da PEC 45, que criminaliza o porte e a posse
de qualquer quantidade de droga, com consequências nefastas, como
comentei na coluna passada.
Como todos sabem, isso vai aumentar as prisões, principalmente dos
jovens negros e pardos. E não apenas porque os delegados vão decidir
quem é usuário e quem é traficante, mas porque a condenação de não
brancos pela Justiça é maior, mesmo quando portam a mesma quantidade de
drogas. E viva a (In)Justiça.
A PEC dos quinquênios deve ser votada pelo plenário do Senado na
semana que vem, agora com mais beneficiários – todos do topo da
pirâmide, como os recém-incluídos advogados da União, e depois na Câmara
dos Deputados, onde já está a PEC 45. Se for aprovada, juízes e
Ministério Público finalmente vão conseguir emplacar aumentos
automáticos numa carreira vitalícia depois de mais de dez anos de luta.
Explico: a PEC 10, em tramitação, é uma reedição da PEC 63, de 2013,
que até 2022 ainda não havia sido votada e foi arquivada pelo governo de
transição. Foi renumerada e reapresentada pelo senador Rodrigo Pacheco
no ano passado.
Um calendário que pode despertar suspeitas em um momento em que outra
PEC, também de 2013 e paralisada desde 2018, ganhou sobrevida no
Congresso neste ano. Trata-se da PEC que restringe o foro privilegiado,
remetendo os processos contra parlamentares, que iriam para o STF, a
instâncias inferiores, morosas e sujeitas a ingerências políticas.
Quando foi relatada pelo senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), a PEC
visava punir mais rapidamente os parlamentares, já que o STF à época era
considerado moroso. Atualmente, porém, tudo que eles querem é escapar
da Suprema Corte – e do ministro Alexandre de Moraes. Ou seja, a PEC foi
engavetada e ressuscitada pelo mesmo motivo: garantia de impunidade.
Com uma bomba do tamanho da PEC dos quinquênios fica difícil falar em
ajuste fiscal para justificar o não atendimento das reivindicações de
duas categorias em greve: os técnicos e analistas do Ibama, que
contribuíram com seu trabalho para a queda de 62% do desmatamento da
Amazônia no ano passado; e os professores e servidores das universidades
federais, onde estudam mais de 1 milhão de jovens, mais da metade deles
negros, pardos, indígenas.
Vamos aos números: os técnicos e analistas ambientais do Ibama que
são os responsáveis pela fiscalização e repressão de crimes ambientais
ganham salários que vão de R$ 5 mil a R$ 15 mil mensais. Um professor
com mestrado e doutorado – maioria absoluta dos docentes das
universidades federais –, com uma formação ainda mais longa e exigente
do que a dos juízes e procuradores, por exemplo, tem salário inicial de
R$ 10 mil e final de R$ 22 mil.
Já um juiz de primeira instância ganha R$ 27 mil a partir do momento
em que assume a função e teoricamente um teto de R$ 44 mil para o
salário final (que equivale ao salário de um ministro do STF). Metade deles,
porém, ganha mais do que esse teto e, a depender dos pagamentos extras
(retroativos, indenizações de férias, ajudas de custo), a remuneração
pode chegar a extremos: 46 juízes e desembargadores ganharam mais de R$ 300 mil por mês em 2023.
O lobby da Justiça no Congresso fere o interesse público e torna o
Brasil ainda mais injusto e inseguro. Isso não cabe em uma democracia.
História de JULIA CHAIB E MARIANA BRASIL – Folha de S. Paulo
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – Os desgastes entre os três Poderes
ganharam novo capítulo após o ministro Cristiano Zanin atender a um
pedido do governo Lula (PT) e suspender trechos da lei que prorrogou a
desoneração da folha de empresas e prefeituras.
Com a decisão, o STF (Supremo Tribunal Federal) e o Congresso devem
ter novos embates, o que também vai resvalar no Palácio do Planalto, uma
vez que o pedido partiu de lá e o ministro Zanin é visto como próximo
ao governo -foi advogado de Lula antes de ser indicado para a corte.
Nesta sexta-feira (26), o ministro Flávio Dino, que era titular da
pasta da Justiça do governo e também foi indicado pelo presidente para o
tribunal no atual mandato, votou na ação concordando com a decisão de
Zanin.
Uma ala do STF admite que a ação proposta pela União deve
potencializar uma série de atritos entre o tribunal e o Legislativo, que
acusa o Judiciário de interferir em decisões do Parlamento.
A mesma avaliação existe entre líderes do Congresso. O presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), já prometeu reação à decisão de Zanin e
conversará com aliados nesta sexta-feira (26) para definir o que vai
fazer.
O caso ainda será analisado pelo plenário da corte. Auxiliares
jurídicos de Lula se dizem confiantes de que a maioria dos demais
ministros do Supremo vai referendar a solicitação da União.
A polêmica sobre a decisão do ministro se dá pelo fato de o STF ter,
na prática, derrubado, de forma monocrática, normas aprovadas pelos
deputados e senadores, o que é lido como uma afronta.
Os parlamentares reclamam sobretudo da postura do governo, que propôs
a ação no Supremo, após ter buscado com o Congresso um meio-termo em
relação à desoneração da folha.
Integrantes do governo afirmam que não havia alternativa a não ser
entrar na Justiça. Dizem que Lula enviou uma medida provisória sobre o
tema ao Parlamento no final do ano passado para evitar justamente
judicializar o tema. A primeira opção que estava na mesa do governo
desde dezembro era recorrer ao STF.
Aliados de Lula reclamam que o Congresso, por sua vez, decidiu
retirar a prerrogativa do presidente. Esses auxiliares do chefe do
Executivo ponderam que ainda estão abertos a dialogar com o Congresso e
que o governo quer evitar embates entre as instituições.
O imbróglio ocorre duas semanas após um jantar de Lula com os
ministros do STF Zanin, Dino, Gilmar Mendes e Alexandre de Moraes. O
encontro ocorreu na casa de Gilmar. Estavam também no jantar os
ministros Ricardo Lewandowski (Justiça) e Jorge Messias (Advocacia-Geral
da União).
Na ocasião, foi feita uma avaliação da conjuntura política atual, e
de que há focos de atritos entre os Poderes. A questão da desoneração,
porém, não foi tratada no jantar.
Os participantes saíram de lá com a intenção de procurar integrantes
do Parlamento e esfriar os ânimos. Moraes conversou com os presidentes
do Senado, Rodrigo Pacheco, e o da Câmara, Arthur Lira. Lula também se
reuniu com Lira e pretende ter um encontro com Pacheco.
A decisão de Zanin, tomada na quinta-feira (25), além de suspender
trechos da desoneração da folha de empresas, também corta a alíquota
previdenciária de prefeituras.
O benefício reduz a carga tributária na folha de pagamento -neste
caso, a de empresas e administrações municipais. A ação foi apresentada
ao Supremo na quarta (24) e assinada pelo próprio presidente e pelo
chefe da AGU (Advocacia-Geral da União), Jorge Messias.
A suspensão do benefício tem efeito imediato, mas ainda será
submetida ao demais ministros do Supremo. A avaliação do tema no
plenário virtual começou nesta sexta e segue até o dia 6 de maio.
A desoneração da folha foi criada em 2011, na gestão Dilma Rousseff
(PT), e prorrogada sucessivas vezes. A medida permite o pagamento de
alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a
folha de salários para a Previdência.
No ano passado, o benefício havia sido prorrogado até o fim de 2027,
prorrogação aprovada pelo Congresso e estendida às prefeituras. No
entanto, o texto foi integralmente vetado por Lula. Em dezembro do mesmo
ano, o Legislativo decidiu derrubar o veto.
A desoneração vale para 17 setores da economia. Entre eles está o de
comunicação, no qual se insere o Grupo Folha, empresa que edita a Folha.
Também são contemplados os segmentos de calçados, call center,
confecção e vestuário, construção civil, entre outros.
O principal argumento é que a desoneração foi aprovada pelo Congresso
“sem a adequada demonstração do impacto financeiro”. O governo diz que
há violação da LRF (Lei de Responsabilidade Fiscal) e da Constituição.
Na decisão liminar -ou seja, provisória-, Zanin considerou que, sem
indicação do impacto orçamentário, poderá ocorrer “um desajuste
significativo nas contas públicas e um esvaziamento do regime fiscal
constitucionalizado”.
A liminar repercutiu entre congressistas e setores produtivos. Para
Pacheco, o governo Lula errou “ao judicializar a política e impor suas
próprias razões, num aparente terceiro turno de discussão sobre o tema
da desoneração da folha de pagamento”.
O presidente do Senado também afirmou respeitar a decisão de Zanin e
que buscará apontar os argumentos do Congresso Nacional ao STF pela via
do devido processo legal.
Zanin afirmou ainda que cabe ao STF ter “um controle ainda mais
rígido para que as leis editadas respeitem o novo regime fiscal”. Hoje,
no país vigora o chamado arcabouço fiscal.
A crise entre os três Poderes vem aumentando desde o ano passado,
após uma série de votações do tribunal em temas polêmicos, como o marco
temporal, que tramita como projeto de lei, a descriminalização das
drogas e a liberação do aborto para até 12 semanas após a concepção.
Entre os conflitos mais recentes entre STF e Congresso, o adiamento
da análise de vetos presidenciais em abril deste ano causou irritação de
Lira, e o clima entre o governo e a cúpula da Câmara dos Deputados não
teve melhora. Também não há harmonia entre os comandos da Câmara e
Senado.
O Senado também aprovou proposta que criminaliza porte e posse de
drogas em reação ao STF, que voltou a julgar descriminalização do porte
de drogas para uso pessoal. A votação, no entanto, já foi interrompida
por pedido de vista pelo ministro Dias Toffoli.
Temas como a PEC que permitiria ao Congresso derrubar decisões do
Supremo e a limitação de decisões individuais de ministros do Supremo
também contribuíram para a progressão de desgastes entre as partes.